A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA
E ESCOLA.
SILVANA
SANDRI
A
necessidade de uma maior clareza sobre a responsabilidade e alcance da escola
na formação da criança tem favorecido muitas discussões por parte dos
educadores. Isso porque existe, uma grande transferência de papéis e funções
que são próprios da família para a escola. Na modernidade, a família apresenta
uma enorme falta de tempo para conviver, interagir, dialogar, enfim, fazer-se
presente junto aos seus filhos. E, isso precisa mudar, a fim de que família e
escola possam cumprir integralmente a sua função social. Por ser uma questão
complexa e na tentativa de minimizar esses problemas e cumprir o seu papel
social, a escola procura manter uma parceria com as famílias. Isso decorre da
compreensão de que o processo formativo integral pressupõe a participação
efetiva tanto da escola quanto da família.
Quando
se fala em educação, cabe uma reflexão à respeito dos deveres da família,
escola, comunidade, enfim, sociedade em geral.A intervenção conjunta é a que
melhor atende aos interesses de todos, posto que cada um, dentro da sua
especificidade, procure desempenhar sua função de educador.
A
escola deve desempenhar não o papel de educar o aluno, dar a educação que seus
pais deveriam dar. Seu papel é criar um bom relacionamento com os pais dos
alunos e conscientizá-los da importância da união entre a escola, o pai e a mãe
para a educação de seus filhos. A importância deste tipo de união é percebida
no momento em que estes três elementos cobram do aluno/filho o mesmo padrão de
conduta, ou seja, eles devem ser bem tratados na escola, mas também receber
punições e gratificações conforme seu comportamento, isto tudo com o respaldo
dos pais, e as crianças sabe que seus pais aprovam esta posição e, ainda, tem a
mesma posição dentro do ambiente familiar.
Os
pais precisam ter conhecimento da importância que se tem que dar a educação de
seus filhos. Existem certas coisas que podem ser substituídas, outras
não
podem ser por hipótese nenhuma: a educação familiar, que deve ser dada pelos
pais, e, somente eles podem dar, bem como a educação escolar, que pode ser
oferecida e proporcionada somente pela escola. Quando se fala em educação,
pensa-se logo na escola, mas, no processo educacional ocorre que, as razões que
levam o aluno a progredir tanto na escola quanto na sociedade podem estar
centradas na própria família.
As famílias estabelecem fundos de
conhecimento diversos, de acordo com sua própria história. São conhecimentos
construídos na esfera das relações sociais, ensinados/aprendidos na atividade
produtiva mediante os intercâmbios que produzem contextos onde a necessidade de
aplicação e aquisição dos conhecimentos facilita estruturas de aprendizagem com
ajuda. (BOURDIEU, 1998: 26)
Isso
implica dizer que a família tem a responsabilidade de transmitir conhecimentos
a partir da história devida o qual a criança faz parte aproveitando os laços de
afetividade que dão facilidade pra que se construa uma aprendizagem
significativa.
A
participação da família na vida escolar da criança é de grande importância para
o desenvolvimento da aprendizagem.
As escolas hoje fornecem refeições e
serviço de creche, além de terem uma participação direta no ensino de
habilidades até então reservadas tradicionalmente à família e a igreja – de
aulas de direção a educação sexual, de natação e higiene pessoal. (SCHARGEL,
2002: 8)
Dessa
forma, os profissionais da educação realizam as tarefas que deveria ser
conferida à família, os educadores agem como pais substitutos, além de exercer
o papel de médico, psicólogo, dentre outros.
A
maioria das famílias é vista como uma instituição carregada de problemas, tanto
financeiros quanto afetivo, mas, se esta procurasse mais a escola e se
interessasse mais pelo saber da criança, talvez seria possível ter uma
aprendizagem de maior qualidade.
Para
muitos pais ou responsáveis, a escola nada mais é do que uma instituição
social, que traz possibilidades de um futuro melhor aos seus filhos, por haver
esta compreensão, e, uma certa confiança nos educadores, os pais acabam
esquecendo de suas obrigações, e, mesmo tendo a consciência da importância que
os estudos tem na vida, conforme a situação que a família enfrenta, os próprios
pais tiram os filhos das escolas.
A família é o lugar indispensável para
a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros,
independentemente do engajo familiar ou da forma como vem se estruturando.
(KALOUSTIAN, 1988: 68)
Segundo
o autor, é a família que propicia os suportes afetivos e sobretudo materiais,
necessários ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Ela representa
um papel decisivo na educação informal e formal, é em seu espaço que são
absolvidos os valores morais e humanitários. É também em seu interior que se
constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais e os
laços de solidariedade.
Em
suma, pode-se dizer que as crianças que têm o envolvimento da família em sua
vida escolar têm grandes desenvolvimentos em seu potencial de aprender. Já
aquelas que a família não acompanha estão constantemente sem motivação e na
maioria das vezes possuem um baixo rendimento escolar ou um comportamento fora
dos padrões da turma, indicando que provavelmente exista uma associação direta
entre o envolvimento da família e seu arranjo enquanto organização social e o
desempenho da criança ou adolescente na escola.
Para
que as crianças tenham sucesso na sala de aula e na vida, não basta
garantir-lhes uma vaga na escola, é necessário muito mais que isso.
É
necessário que a família seja convocada a trabalhar e lutar pela criação de
condições que venham contribuir para que cada uma criança, que, passa pela
escola, tenha sucesso tanto na sala de aula quanto na vida.
A
ação da família é, no entanto, uma ação complementar à da escola e a ela subordinada,
porque se desconfia da competência da família para o bem educar, na verdade, no
mais das vezes, afirma-se que a família não consegue mais educar os seus
filhos. A esse respeito, o grande problema visto pelos educadores, é que os
pais não se mostram interessados em participar da escola, pois dela também se
sentem afastados.
A escola deve, não só reconhecer que o
aluno realiza conexões dos conhecimentos adquiridos na família, e faz deles sua
referencia no intuito de compreender e estabelecer suas relações com os
conteúdos curriculares, mas também implementar ações subsidiadas em tais
conexões. Não é somente a criança que é afetada pela visão estanque dos
conhecimentos e experiências adquiridas fora da escola, mas também pais e
professores, que sentem esta ruptura e isolamento, tendo como conseqüência o
prejuízo das relações interpessoais e da própria aprendizagem do aluno. (LOPEL,
2002: 39)
Para
este autor, a escola deve procurar integrar os conhecimentos que a criança traz
de casa, nos conteúdos escolares, podendo assim, facilitar o desenvolvimento da
aprendizagem já que, o aluno estará estudando a partir de situações concretas
por ele vivenciadas.
Isso
posto, cabe tanto a escola quanto a família analisar acerca de suas
aproximações, diante da necessidade de um trabalho em parceria em prol da
educação dos filhos e alunos.
A
família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é
também o centro da vida social. Sendo assim, uma educação bem sucedida da
criança na família é que servirá de apoio a sua criatividade e ao seu
comportamento produtivo quando se tornar adulto. No desenvolvimento da
personalidade e do caráter das pessoas, a família sempre será a influencia de
maior poder.
Formar,
educar o cidadão para a vida não é um trabalho simples. Quanto maior for a
parceria e a solidariedade entre escola e comunidade na identificação de
valores éticos, na definição de objetivos e na consolidação de um projeto
pedagógico, maior será a possibilidade de oferecer aos alunos um ambiente onde
desenvolvam suas potencialidades.
Ainda
pode-se dizer, que a escola encontra muita dificuldade no envolvimento com a
comunidade, porque a família transferiu para ela toda a responsabilidade de
educar.
Hoje
há uma confusão de papéis, cobranças para ambos os lados. Parece haver, por um
lado, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais a respeito daquilo que
é transmitido pela escola. Por outro lado, há uma falta de habilidade dos
professores em promover essa comunicação.
Mas,
a escola deve e têm tentado utilizar todas as oportunidades de contato com os
pais para transmitir informações relevantes sobre seus objetivos, recursos,
problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim os pais se sentirão
comprometidas com a melhoria da qualidade escolar.
Quando
a comunidade entender que a escola não é do diretor, nem do professor e, sim de
todos, ela então irá se interessar pela escola e pela educação a qual está
sendo oferecida aos seus filhos.
Assim,
educadores, pais e alunos passarão a um lutar por um único ideal, que é uma
educação de qualidade, que vise a formação do cidadão crítico, consciente de
sua realidade, e, acima de tudo, feliz.
Silvana
Sandri: Professora da Educação Básica de Barra do Bugres; Estado de Mato
Grosso. Graduada em Normal Superior “ Anos Iniciais” e Pós Graduada Em
Psicopedagogia e Gestão Escolar.