ARTIGO
A
VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS X BULING
SILVANA
SANDRI
A
violência nas escolas é algo que tem aumentado consideravelmente, e, isso tem
trazido preocupação tanto para os pais quanto aos educadores. Quando se fala em
violência, o que vem à nossa mente é o conceito físico, onde um agride o outro
a socos, ponta pés, e ou até mesmo atirando objetos, como por exemplo, mesas e
ou cadeiras. Mas, no entanto, isso vem ocorrendo de forma que abrange muito o
psicológico do agredido. Pois, este por muitas vezes é violentado por meio de
insultos, apelidos, xingamentos, o que acaba ferindo mais fundo ainda. A pessoa
que é agredida sente-se com a alma ferida, com o coração amargurado, e, sem
saber como reagir à situação, esta acaba também por muitas vezes se tornando um
agressor como forma de se proteger e ou se vingar daqueles que o agrediram. Tal
violência tem ocorrido de forma tão habitual entre os jovens e adolescentes,
que estes acabam por achar tudo normal e natural que quando fazem uso de
palavras agressivas e são chamados atenção, costumam dizer que quem o está
corrigindo é careta e que não compreendem suas linguagens. E, não se pode
esquecer os meios de comunicação, que cada vez mais vem proporcionando
programas que incentivam as crianças e adolescente a agirem de forma agressiva
e até mesmo violenta em busca de conseguir algo que desejam. Até mesmo os
desenhos animados vem com um certo grau de violência, fazendo com que as
crianças desde pequenos vejam a vida como uma guerra constante, onde vence o
mais forte. E, vendo dessa forma, o que sobra ao educador fazer para ajudar
esses jovens a perceberem o mau que estão causando aos outros e a si mesmos?
“O
educador social é um profissional que pode agir e interactuar na prevenção e
resolução dos problemas de violência. Como profissional híbrido pode atuar de
diferentes formas, designadamente com a família, com as crianças ou jovens, no
meio onde se registrem focos de violência e mesmo elemento mediador. ( FERMOSO,
1998:93 )
De acordo
com o autor, ao professor cabe o papel de auxiliar tanto o aluno quanto os
pais, na tomada de medidas em busca de solucionar tal problema. Assim, pode se
dizer que o educador age como intermediário da paz, entre os alunos e sua
família, e entre todos os colegas de escola.
E, ao se
tratar do bullying, em especial nas escolas, pode se constatar que o sexo
masculino é o mais atingido, onde os meninos se desentendem com mais facilidade
e acabam por usarem essa prática como forma de ataque e ou defesa. Mas, e a
escola, por que não combate isso? Essa pergunta muitas vezes é feita por pais,
sociedade em geral e por educadores, que se sentem na obrigação de fazer algo e
que não conseguem reverter isso. É notado que a desigualdade social é um dos
principais fatores na ocorrência do bullying nas escolas.
“A partir
desse... de estar numa posição secundária na sociedade e de possuir menos
possibilidades de trabalho, estudo
e consumo, porque além de serem pobres se sentem maltratados, vistos como
diferentes e inferiores. Por essa razão, as percepções que têm sobre os jovens
endinheirados são muito violentas e repletas de ódio...” ( ABRAMOVAY ET all,
199: 62 ).
Assim, ao
educador cabe orientar aos seus alunos acerca do racismo, para que todos sejam
tratados de forma igualitária , sem nenhuma discriminação. Sendo assim, todos
verão uns aos outros como amigos, sem nenhuma necessidade de algum tipo de
agressão. E a eles cabe observar e perceber que ninguém tem culpa de alguém ter
mais ou menos dinheiro que o outro.
Nas
escolas também além de coisas boas que são oferecidas pelos educadores, existem
também outras que são ofertados por outras pessoas, e que não trazem nenhum benefício
ao estudante.
“O
indivíduo enfrenta uma grande oferta de oportunidades: o uso de
drogas, uso de bebidas alcoólicas, uso da arma de fogo aliada a inexistência do
controle da polícia , da família e comunidade tornam o indivíduo motivado a
concluir o ato delitivo. " Carências afetivas e causas
sócio-econômicas ou culturais certamente aí se misturam, para desembocar nestas
atitudes" . (COLOMBIER,1989,p.35) .
Mesmo com
esse acervo de ofertas, nós ainda podemos enfrentar esse problema nas escolase
vencermos, juntamente com toda a sociedade.
Ao
observar vários alunos no pátio de diferentes escolas, em salas de aula e até
nas aulas ao ar livre, foi possível constatar que o bullying ocorre com maior
freqüência naquele espaço onde há um número pequeno de profissionais, e por
conta disso a supervisão deixa a desejar, e ou até mesmo por um número de
alunos acima do considerado normal, podendo haver uma super lotação, e assim, o
número de profissionais da educação disponibilizado para aquele local torna-se insuficiente.
E, isso pode contribuir e muito, com os “valentões” da escola, pois eles se
sentem impune diante do que fazem e cada dia agem com mais violência. Mas, onde
estão os educadores? Esta é mais uma das perguntas que recai sobre esses
profissionais. E eu me proponho a respondê-la da forma que vejo nossa educação.
Estamos aqui, mas no entanto, por muitos vezes não nos sentimos preparados para
agir. São tantas as cobranças encima dos educadores, que estes por sua vez,
assistem atos de violência entre colegas, e como não se sentem preparados para
intervir, separar ou até mesmo julgar quem está certo ou errado, acaba por
castigar todos os envolvidos, e até aquele considerado a vítima acaba por ser
punido, e isso pode levá-lo a refletir e chegar a conclusão que fora
injustiçado, e a achar que não vale a pena fugir das brigas, e assim ele também
pode vir a se tornar um agressor. Sendo assim, é possível dizer que, cabe
aos educadores antes de aplicar qualquer castigo, ouvir ambas as partes, dando
a oportunidade para que cada um se defenda, e, assim poderá ser feita uma
discussão em busca de constatar o culpado, não somente para puni-lo, mas ,para
aproveitar o momento e mostrar que este precisa mudar seu comportamento, sua
forma de agir, para que no futuro quando se tornar um adulto ele não venha ter
problemas de relacionamento ou até mesmo de comportamento, tornando-se mais
agressivo e ou até mesmo tendo problemas judiciais.De certa forma, a sociedade
em geral tem deixado a desejar quando se fala em educação, pois, na maioria das
vezes os pais tem confundido o real papel do educador na vida de seus filhos.
E, como educadora,venho expressar minha insatisfação diante de tantas
responsabilidades que tem recaído sobre essa profissão. Mas, ao mesmo tempo me
sinto na obrigação de auxiliar tanto aqueles que são alvos de bullying
quanto os autores de tal agressão. Nesse estudo, pode constatar que o
melhor a se fazer nesse caso, é trabalhar com o auxilio do conselho tutelar, em
busca de palestras, de apresentações de teatro ou de qualquer outro meio que
venha facilitar a compreensão de todos acerca da necessidade sem e manter um
relacionamento amigável. E, quanto aos autores do bullying, é muito importante
que a punição não seja feita de forma física, nem pelos pais e de nunca por
educadores, onde isso poderá acarretar somente mais violência. Nesse contexto,
a escola pode utilizar-se desse “problema”, para envolver todos, tanto
agressores quanto agredidos, aqueles que servem como testemunhas, professores,
pais, todos em geral, que de uma forma ou outra são inseridos em todo e
qualquer processo educativo, para que juntos estudem e discutam a melhor forma
de se utilizar do tempo livre de cada um, em busca de atividades que envolvam
muitas pessoas e tragam benefícios e prazer a todos. Também pode-se
complementar dizendo que a amizade e o respeito com pessoas de diferentes
personalidades é algo que pode trazer muitos benefícios e aprendizagens úteis a
todos nós. Para concluir, venho dizer que não podemos deixar que nossas crianças
se tornem marginais no futuro, simplesmente por falta de referências positiva
em sua infância, então cabe a todos além de broncas e castigos dar carinho e
afeto que todos merecem. Ainda quero dizer que esse trabalho é apenas uma
abordagem ao tema que vem sendo muito discutido e que toda sociedade deveria se
voltar para eles em busca da construção de cidadãos não somente críticos e
conscientes de sua realidade, mas, também, honrados e amigos.
Bibliografia
ABRAMOVAY, Miriam ; et alli - Guangues , galeras, chegados e rappers. RJ, Ed. Garamond , 1999.
COLOMBIER,Claire; MANGEL,Gilbert; PERDRIAULT,Marguerite . A violência na escola. São Paulo, Ed.Summus,1989.
FERMOSO, P. ( 1998 ). La Violencia em La escuela: El educador- pedagogo social escolar. In Pantoja, L. ( Org ). Nuevos espaços de La edución social. Bilbao: Universidad de Deusto.
ABRAMOVAY, Miriam ; et alli - Guangues , galeras, chegados e rappers. RJ, Ed. Garamond , 1999.
COLOMBIER,Claire; MANGEL,Gilbert; PERDRIAULT,Marguerite . A violência na escola. São Paulo, Ed.Summus,1989.
FERMOSO, P. ( 1998 ). La Violencia em La escuela: El educador- pedagogo social escolar. In Pantoja, L. ( Org ). Nuevos espaços de La edución social. Bilbao: Universidad de Deusto.
Silvana Sandri: Professora da Educação Básica do Estado de Mato Grosso. Graduada em Normal Superior “ Anos Iniciais” e Pós Graduada em Psicopedagogia e Gestão Escolar.
O Bullying escolar é um dos temas da atualidade que vem despertando cada vez mais o interesse de profissionais das áreas de educação e saúde. Sempre existiu no Brasil e o mundo, mas até pouco tempo atrás não era mencionado. Na Literatura Brasileira essa temática foi exposta e discutida na obra: “O Ateneu”, de Raul Pompéia, romance que retrata o sistema educacional do Brasil no século XIX e descreve as situações de injustiças e fragilidade que sempre existiram no ambiente escolar. “Faça-se forte aqui, faça-se homem. Os fracos perdem-se. Comece por não admitir protetores. ”- trecho do livro.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo!!